sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"o fim último da vida não é a excelência"

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Hoje recebí um e-mail contendo e enfatizando um texto do Jornalista João Pereira Coutinho que aponta o dedo aos erros que grassam pela sociedade fora aquando do assesto de objectivos de vida de pais sobre filhos e, ulteriormente, destes mesmos sobre sí próprios. O texto traduz de forma bem simples aquilo por que me tenho debatido em conversas de amigos ou tertúlias recheadas de eclectismo ideológico. Em muitos momentos da minha vida me têm apontado (muitos outros acharão o mesmo sem mo dizerem) o defeito da falta de ambição e resignação. Nada mais falso... A minha ambição é a maior do mundo, porém, não orientada no mesmo sentido. Ambiciono muito e sou até capaz de me irritar (ora vêem?) em prol da justiça social e do combate à opressão. Rejeito os unanimismos e fujo deles como o diabo foge da cruz por achar que são a semente da perversão e concubinagem ideológica.

Tal como tive oportunidade de escrever outrora e noutro local: "agarro-me bem forte àquilo que me faz sentir feliz por não esperar algo mais do que a vida e dela... Só desejo a felicidade plena!!!"


Deixo abaixo o Texto de JPC:


'Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em voltanão aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivasproles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Hácem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e dafortuna familiar.Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista deatletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho,os restaurantes de sonho.Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne,saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade! '


Lembrei-me agora, a propósito, de uma observação semeada no twitter por @ArturAnjos que dizia: "os putos de hoje envergonham-me, só pensam em estudar e carreiras em vez de andarem aí a apalpar miudas"...


Eu respondo: enquanto continuar a haver um certo sentimento de vaidade em sofrer de doenças oriundas do stress e má alimentação, nada feito!

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1 comentário:

Bruno disse...

Muito bom.

Este post vai ser uma óptima referência para me explicar perante os outros acerca deste assunto.

Quando precisar, tomarei este teu post para substituir as minhas palavras. :-D